Antes de mais nada vou falar sempre em submissão masculina porque me dá mais jeito na escrita, mas isto vale para ambos os sexos.
Posto isto, cá vai:
Tenho pensado o que leva os humanos à submissão perante outro.
Quando falo de submissão, não estou a falar de temor reverencial, de respeito por alguém mais velho, inteligente, etc., falo de submissão como entrega absoluta. Um “sou teu” que leva o submisso a permitir que a sua Dona – porque é disso que se trata, uma entrega tal que o submisso passa a ser propriedade daquela a quem se submete – faça dele o que bem entender.
Desenganem-se aqueles que pensam só existirem submissos sexuais, e que “ah e tal, só são submissos porque na verdade são masoquistas, e o que procuram é alguém que seja sádica e lhe proporcione o prazer da dor”, é mentira, a entrega consiste apenas no “dar prazer à Dona”, mesmo que a eles, submissos, não lhes traga nenhuma gratificação orgásmica, aliás nem a esperam, nem a procuram, apenas servem. O seu prazer está rigorosamente aí: servir.
Se os submissos gostam de sexo? Claro que gostam, mas não é a sua prioridade, a prioridade é a satisfação da Dona, e se a Dona os premiar com o direito a terem um orgasmo é porque realmente se portaram muito bem a fazer algo que lhes foi ordenado.
E o orgasmo não tem de, obrigatoriamente, ser conseguido com a Dona, pode ser apenas um prazer solitário, devidamente autorizado.
E o melhor prémio pode nem ser um orgasmo (leram a parte em que sexo não é fundamental para os submissos?). A autorização para beijar os pés da Dona pode ser tão satisfatório para um submisso como um orgasmo para um não submisso.
Há quem tenhas Donas fisicamente agressivas, há quem tenha Donas emocionalmente devastadoras, há quem tenha Donas que misturam tudo. O submisso nunca sabe como lhe correrá o dia, a noite, a semana, depende sempre da vontade da Dona.
Pode ter de usar trela, pode ter de usar sinais de propriedade, podem ter de dormir no chão, ao lado da cama da Dona, podem ter de se alimentar como se de um cão se trate, de quatro, e sem talheres.
O uso de brinquedos sexuais pela Dona no seu submisso é mais do que certo, e o submisso sabe disso, e obedece, sujeita-se, aceita. E se assim não for corre o risco de levar um correctivo físico.
Todavia não se pense que a Dona é um ser maléfico que está ali só para fazer mal àquele humano que lhe pertence. Acredito, firmemente, que há uma relação de paixão recíproca, e assim sendo nunca uma Dona fará mal, para além de determinados limites, ao seu escravo.
Mas como saber quais são os limites, quer da Dona, quer do escravo?
É algo que deve ficar muito claro desde o início, e as regras estipuladas devem ser respeitadas por ambos. As regras são muito importantes neste género de relação, sem elas a relação corre o risco de ser curta e, quiçá, perigosa.
Deve existir uma palavra de segurança que o escravo possa usar quando a Dona se excede no jogo, sim a relação Domme/sub é um jogo, e há quem saiba jogá-lo, e quem não saiba, e se não sabem não joguem.
Respeito mútuo é fundamental.
E desde o início deve existir um regra basilar:
O escravo tem uma única liberdade – um dia pode dizer à Dona “a partir de hoje sou livre, não volto”, e aí é a Dona que se submete à vontade deste, e deve deixá-lo partir sem questões.
E por aí, há muitos sonhadores com a submissão?